Aganju era pai de Xangô,
mas não se conheciam.
Aganju era tão temido e respeitado
que deixava a porta de casa sempre aberta
e ninguém jamais se atrevera a entrar.
Aganju tinha a casa sempre abarrotada de frutas,
pois o rio, as terras e as grandes savanas lhe pertenciam.
Um dia, Xangô entrou na casa de Aganju,
comeu de tudo, se fartou
e depois deitou para dormir na esteira de Aganju.
Quando Aganju chegou,
encontrou aquele negro atrevido
descansando na maior tranqüilidade.
Aganju fez uma fogueira e atirou Xangô ao fogo.
Mas o fogo Xangô não queimava.
Como iria se queimar se ele próprio era o fogo?
Então, Aganju tomou Xangô em seus ombros
e o levou até o mar para afogá-lo.
Do mar saiu Iemanjá Conlá, a mãe de Xangô.
Iemanjá intercedeu:
“O que estás fazendo, Aganju?
Não podes matar nosso filho”.
Aganju olhou admirado para Xangô
e se deu conta de como eram parecidos.
O filho era tal qual o pai. E disse:
“Eu, Aganju, sou o homem mais valente e bravo.
Mais valente e bravo em todo o mundo.
Tu, Xangô, és tão valente e bravo quanto eu.
Estou certo de que és realmente filho meu”.
E eles cantaram e dançaram em regozijo.
[Notas Bibliográficas e Comentários]
Transcrito do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi publicado pela Cia das Letras, págs 247 e 248. Originalmente encontrado e/ou transcrito de Samuel Feijoo, 1986, pp. 259-60; Natalia aróstegui, 1994 (a), p. 296. Em outra versão, a mãe de Xangô é Obatalá, que em Cuba pode ser masculino ou feminino: Harold Coulander, 1973, pp. 220-1.
Axé a todos os nossos irmãos!
Deus é tudo acima de todas as coisas!
Olorum Kolofé!